BDSM: aprender primeiro, praticar depois
		 Tudo é permitido, nada é obrigatório
				
BDSM é um acrónimo para a expressão Bondage, Disciplina, Sadismo e Masoquismo um grupo de padrões de comportamento sexual humano. A sigla descreve os maiores subgrupos: Bondage e Disciplina (BD) ; Dominação e Submissão (DS) ; Sadismo e Masoquismo/ou Sadomasoquismo (SM)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Só para dar agua na boca


(…) Com os braços estendidos e os olhos fechados, ela apoiou a cabeça e o busto no sofá. Então uma imagem que tinha visto há alguns anos a atravessou. Era uma curiosa estampa que representava uma mulher de joelhos como ela, diante de uma poltrona, numa sala ladrilhada.Uma criança e um cachorro brincavam a um canto, as saias da mulher estavam levantadas, e um homem de pé, bem perto, levantava sobre ela um punhado de varas. Todos usavam roupas do fim do século XVI e a estampa tinha o título que lhe parecera revoltante: A correção familiar.René com uma das mãos segurou seus pulsos enquanto com a outra levantava seu vestido, tão alto que sentiu a gaze plissada roçar seu rosto. Acariciava suas nádegas e fazia Sir Stephen observar as covinhas que as afundavam, e a suavidade do sulco entre as coxas.Depois, pressionando sua cintura com a mesma mão para salientar as nádegas, ordenou-lhe que abrisse mais os joelhos. Ela obedeceu sem dizer nada. As honras que René fazia de seu corpo, as respostas de Sir Stephen, a brutalidade dos termos que os dois homens empregavam mergulharam-na num estado de vergonha tão violento e tão inesperado que o desejo que tinha de pertencer a Sir Stephen se desvaneceu e ela pôs-se a esperar o chicote como uma libertação, a dor e os gritos como uma justificativa.Mas as mãos de Sir Stephen abriram o caminho de seu ventre, forçaram o sulco entre suas nádegas, deixaram-na e voltaram, acariciando-a até fazerem-na gemer, humilhada por estar gemendo, derrotada. “Deixo-a para Sir Stephen”, disse então René. “Fique como está, ele a dispensará quando quiser”. Quantas vezes, em Roissy, tinha ficado assim de joelhos, oferecida a qualquer um? Mas lá, sempre amarrada pelos braceletes que uniam as suas mãos, era a feliz prisioneira a quem tudo era imposto, a quem nada era perguntado.Aqui, era por sua própria vontade que ficava seminua, enquanto um só gesto, o mesmo que bastaria para pô-la novamente de pé, bastaria também para cobri-la. Sua promessa a prendia tanto quanto os braceletes de couro e as correntes. Mas seria apenas sua promessa? E por mais humilhada que estivesse, ou justamente porque estava humilhada, não haveria também a doçura de ter valor justamente por sua própria humilhação, pela sua docilidade em curvar-se, por sua obediência em abrir-se?Com a saída de René e Sir Stephen tendo-o acompanhado até a porta, O esperou, sozinha, sem se mexer, sentindo-se na solidão, mais exposta e na espera, mais prostituída do que tinha se sentido quando estavam com ela. A seda cinza e amarela do sofá era lisa sob a sua saia, através do náilon de suas meias sentia sob os joelhos o tapete de lã alta e, ao longo da coxa esquerda, o calor da lareira — onde Sir Stephen tinha acrescentado três achas que ardiam com muito barulho.(…)


(A história de O. Pauline Réage. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985, p. 82-91.)
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